quinta-feira, 7 de julho de 2011

Entrevista com Alexandre Gama

É com imenso prazer que entrevistamos o atual técnico da seleção da Coréia do Sul, Alexandre Gama. Ele contou da sua passagem pelo Fluminense, da confusão com Romário, e sua vida na Coréia do Sul.

Alexandre Gama


2toques - Boa tarde Alexandre, se apresente ao site 2toques por favor.

Alexandre Gama - Sou ex-jogador de futebol, joguei em grandes times no Brasil e no exterior, depois que parei, fiz um curso de dois anos da Fifa e outros do sindicato de treinadores do RJ na escola de Educação fisica na Urca, e logo após comecei a trabalhar como treinador no Fluminense.

2toques - De onde nasceu essa paixão pelo futebol? E quando surgiu a ideia de ser treinador?

Alexandre Gama - Minha família sempre foi muito ligada ao futebol, meu avô tinha um time que era muito conhecido no Rio de Janeiro, eu jogava campeonato amadores, minha família sempre me incentivou, até que eu comecei a disputar campeonatos no futebol de salão (Grajaú country club) e sempre me destacava. Com 11 anos fui chamado para jogar no campo pelo Fluminense e fui até o profissional, depois fui vendido ao Bragantino e segui minha vida no futebol. Quando jogava eu já gostava de estudar contra quem eu ia jogar,quem ia me marcar ... e por isso acho que já estava na minha cabeça ser treinador.

2toques - Você começou trabalhando nas Laranjeiras, como foi?

Alexandre Gama - Comecei a trabalhar no Fluminense em 2000 no futebol feminino, e ao mesmo tempo Oswaldo Oliveira me convidou para trabalhar como auxiliar no profissional. Depois fui para Xerém treinar o mirim , infantil e depois continuei até chegar no profissional. Lá em Xerém fiz um bom trabalho, ganhando títulos e formando muitos jogadores. Depois fiquei só no profissional como auxiliar até ser o treinador principal em 2004 , depois disso voltei para Xerém para treinar os juniores, aonde ganhei muitos títulos e revelei mais jogadores. Até que em 2006 deixei o Fluminense.

Alexandre em passagem pelo Flu

2toques - Você trabalhou no Fluminense na presidência de David Fishel e de Roberto Horcades. Tinha muitas diferenças no modo de trabalho desses dois ex-presidentes?

Alexandre Gama Trabalhei com os dois, com o presidente Fishel tive mais contato pois fui treinador do profissional. Só tenho a agradecer a confiança dele no meu trabalho, gosto muito dele pois sempre foi muito presente na base e profissional. Acredito que ele foi quem mais apoiou Xerém.
Com o Horcades, apesar de ter mais intimidade e saber que ele gostava do meu trabalho, tínhamos pouco contato, pois eu estava em Xerém e ele ficava muito com o profissional. Tenho um carinho por ele também apesar de ter deixado o clube em sua gestão.

2toques - Em 2004, ao barrar o baixinho Romário, você escutou a seguinte frase  “O cara nem entrou no ônibus ainda e já quer sentar na janela”. O que aconteceu exatamente?


Alexandre Gama - Ele disse uma frase normal no meio do futebol e o pessoal gostou, vendeu muito jornal (Risadas). Romário e um ídolo mundial, hoje tenta ajudar o pais na sua nova empreitada enquanto eu estou seguindo carreira, evoluindo e mostrando meu trabalho da melhor maneira possível

2toques - Qual foi o motivo da barração do Romário e como você lida com tudo isso hoje em dia?

Alexandre Gama - Nunca teve barracão, nós treinadores trabalhamos com um grupo de jogadores de diferentes personalidades e características, e nosso dever é controlar, organizar e treinar isso da melhor maneira possível.

2toques - Como foi o trabalho no Al Wahda Sports Cultural Club do Emirados Arabes? A adaptação foi muito dificil? 

Alexandre Gama - O trabalho no Al Wahda foi muito bom a estrutura é excelente, e o elenco era bom. No primeiro ano de clube, ficamos em segundo lugar na liga, nesse ano tive muitos jogadores convocados para seleção e isso atrapalhou bastante o time. No segundo ano ficamos em terceiro lugar na Liga dos campeões da Ásia e não fizemos uma boa campanha. A adaptação lá foi bem tranquila a cidade e ótima para viver, só na parte de treinamentos tivemos algumas diferenças, mas logos tudo foi se adaptando.

2toques - Em 2009 fechou com o Gyeongnam FC, clube modesto do futebol Coreano, o trabalho foi mais difícil do que esperava?

Alexandre Gama - O Gyeongnam foi um pouco mais difícil a adaptação pois o estilo de vida Koreana e os treinamentos geraram alguns problemas no inicio.
A língua também atrapalhou o começo também pois quase ninguém fala inglês, e apesar de eu ter um tradutor isso foi um grande problema no começo.

2toques - Você conseguiu um bom trabalho, o grupo Coreano era bom ou você necessitou implantar táticas brasileiras para melhorar o padrão tático do elenco?

Alexandre Gama - Acredito que fiz um bom trabalho aqui nesses dois anos que fiquei no clube. O campeonato é bem nivelado. No primeiro ano os jogadores tiveram dificuldade para entender o nosso sistema de jogo   e demorou seis meses para o time decolar (não sei se no Brasil me dariam esse tempo) em quinze jogos empatamos nove pelo placar de 1x1, todos os jogos seguidos, acho que foi um recorde Mundial de empates seguidos, perdemos três jogos e ganhamos três. Até pensei que eu ia ser despedido e estava envergonhado, mas o presidente do time disse que meu contrato era de um ano e para eu continuar meu trabalho. Acabamos o primeiro turno em penúltimo lugar...
No segundo turno meu time arrebentou, ganhamos 13 jogos seguidos, tivemos uma derrota e um empate, acabamos em sétimo lugar e fomos considerados o time revelação e o que jogava o futebol mais bonito e diferente dos padrões Koreano. Renovaram meu contrato e no segundo ano mantivemos o nível, fiz boas escolhas no draft e trouxe três bons estrangeiros que ajudaram muito, fomos as finais da Kleague ou semi finais da FA CUP E POSCO CUP, e revelamos bons jogadores, três deles estão na seleção. O clube nunca tinha chegado as fases finais e nunca teve jogadores na seleção e conseguimos isso, foi um prazer.

2toques - Após esse bom trabalho, foi chamado para um trabalho de Manager na seleção da Coréia do Sul, esperava esse convite?

Alexandre Gama - Após a Copa do Mundo o presidente do meu time, que é considerado o Pelé da Korea foi chamado para seleção e saiu do clube, eu continuei no time e quando acabou meu contrato ele me convidou para ir para seleção, o que me deixou muito feliz por ter meu trabalho reconhecido. Eu não esperava, mas sabia da confiança do MR. Choo no meu trabalho, ele viu de perto o meu estilo de trabalho no clube e achou que podia dar certo na seleção.

2toques - Vocês foram eliminados da Copa da Ásia teoricamente invictos, sendo eliminados pelo Japão nos penalties, você acha que vocês tinham tudo para vencer este campeonato?

Alexandre Gama - Na copa da Ásia éramos o melhor time, o povo Koreano e a imprensa gostaram muito do trabalho, mas eu acho que esse titulo era para ser nosso, como você falou ficamos em terceiro lugar sem perder um jogo e o Japão foi campeão com uma derrota, mas fica o aprendizado... ,perdemos essa competição no jogo contra a Índia, ganhamos o jogo mas faltou um gol para sairmos como primeiro do grupo que nos levaria por um caminho mais fácil para a final. Acabamos pegando vários candidatos ao titulo pelo caminho (Iran e Japão) enquanto a Austrália que foi a primeira do nosso grupo pegou seleções mais fracas e chegou a final. 
Hoje já tenho 14 jogos no comando da seleção onze vitórias e três empates. No dia 1dez de agosto temos um amistoso contra o Japão e em setembro começam a eliminatórias.

2toques - O destaque do time foi Koo Ja-Cheol hoje no Wolfsburg, seria esse o substituo de Park Ji-Sung?

Alexandre Gama - O Park Ji-Sung ė o maior ídolo koreano por tudo que ele representa aqui, e tem uma nova geração aparecendo. Mas essa nova geração de jogadores koreanos, Koo Ja Cheol (Wolfsburg), Ji Dong Won (Sunderland), Park Chu Young(Mônaco), 'Lee CHung Yong (Bolton), Ki Sung Yueng (Celtics), Yoon Bit Garam (Gyeongnam) e outros tem muito mais qualidade com a mesma obediência tática e parte física dos mais antigos. Hoje eles estão jogando em grandes ligas na Europa e isso só vai aumentar o potencial deles.

2toques - Alexandre, o site 2toques agradece a sua participação e deseja tudo de bom na sua carreira e que você continue crescendo e sendo reconhecido pelo que faz e não por frases polêmicas de jogadores.

Alexandre Gama - Hoje aqui na Ásia meu trabalho é reconhecido e espero que isso aconteça no Brasil no futuro. Gostaria de agradecer a oportunidade de falar com vocês também e um grande abraço.


Alexandre Gama pela seleção Coreana.



2toques


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1 comentários:

esse trainado sabe muito .a korea perdeu um grande e como pessoa tive a oportunidade de conhece pessoalmente excelente profissional e como pessoa obrigado gama por td

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