Um soco não se reponde com outro soco

E lá estavam os 22 jogadores que entravam para o jogo mais esperado das últimas semanas do Campeonato Brasileiro. Flamengo, o ex-time da moda, e Corinthians, o então ex-líder do campeonato. Todos perfilados, hino cantado, bola rolando. Aliás, ROUND 1 !

Todos que torciam para o representante carioca da luta, apostavam na volta dele, do craque, da estrela, Ronaldinho. Mas acho que os jogadores do Flamengo, principalmente os de defesa, esqueceram que não dá para fazer um baile contra 11 jogadores sozinho, mais difícil ainda é, com seus 1,80, ganhar dos zagueiros do Corinthians no alto.

Com o principal fator de causar preocupação anulado, o Corinthians falou 'é tudo nosso!' e foi garantir lá seu papel. Dominava, acuava o Flamengo. Suas boas trocas de passes envolviam o time que antes, em um passado recente, eram quem envolvia os outros com o toque de bola. Alex fazia uma boa partida e Emerson Sheik tava lá correndo como sempre, jogando como nunca. Parecia querer revidar algo. Quem tava determinado a revidar era Felipe, segurou o chutaço de Paulinho e a cabeçada de Alex.

E quando a torcida, jogadores e todos envolvidos no jogo, tinham certeza que o gol do Timão e a vitória viriam com o decorrer do tempo tomaram um baque num gol, de sorte, do Flamengo. A cobrança de escanteio de Ronaldinho, desviada por Renato, encontrou Deivid, que não tinha como não fazer. Seria possível que o Flamengo conseguiria sair do chão e ir para a luta de igual para igual ? Não. Não deu. Tudo bem que o Corinthians deu uma recuada, mas estava tranquilo como Anderson Silva fez em sua luta no UFC Rio, o adversário pouco mostrava um possível domínio. O alvinegro abaixou a guarda, esperou o knock-out. Não levou e esperou o final do round para dar uma respirada.

Muda-se o round, mantém-se os lutadores mantém-se o domínio corinthiano. Domínio, domínio, domínio. Wellinton já não aguentava mais dar chutão. Ronaldinho não aguentava mais olhar a bola sendo mal-tratada por seus companheiros. Ele aclama por um carinho a sua amada. Carinho dado pelos meio-campistas do Timão, o toque de bola na saída de jogo era o diferencial. Ter a persistência de insistir no ponto fraco do rival foi inteligência.

O golpe

Liédson só fechou a mão para comemorar o gol da vitória
(Foto: Terra)

Como um jogador juvenil, Gustavo não aguentou a pressão que os experientes Emerson e Liédson fizeram nele. Em vez de guardar para si e responder com desarmes e jogadas de corpo, não, achou que um soco em um jogador que já fez história na Europa, já jogou Copa do Mundo e com 33 anos ia acuá-lo diante de um jogador que acabou de sair de um time pequeno e que busca um espacinho em um time grande, sem zaga.

Liédson respondeu como manda a cartilha: com gol. A zaga do Flamengo fez questão de mostrar que não é só em cruzamentos com o pé que se atrapalha, nas bolas aéreas jogadas com a mão, também se complica. Willians cortou para a entrada da pequena área e Liédson guardou, passou na frente de Gustavo e nada fez, só o ato de fazer gol era suficiente para mostrar sua superioridade, naquele momento, frente ao zagueiro.

O Pacaembu se tornou um hospício, um bando de loucos cantando, coordenados por um time que sabia o que tava fazendo em campo, animados por um adversário atordoado, abatido, caído no chão, olhando para o juíz com a esperança de terminar a partida antes do golpe final. O juiz mandou o ensanguentado Flamengo se levantar para a luta. E olha só, eis que surge uma estrela totalmente apagada. O Corinthians abriu a guarda e com Thiago Neves, sim ele estava em campo, recebeu e chutou para a defesa de Júlio César. Foi o último suspiro.

O Corinthians retomou o domínio da luta, eram cruzados de esquerda e direita esperando uma brecha na guarda rubro-negra. Felipe tratava de deixá-la bem fechada com defesas plásticas. E então o cruzado de direita que finalizou a luta: Willian recebeu, Wellinton e Junior Cesar foram afobados e os DOIS conseguiram deixar o pequeno camisa 7 cruzar, o camisa 8 Paulinho raspou e o camisa 9 Liédson finalizou.

Fim de luta, discussão. E que tivesse a discussão que fosse, o grande vencedor da partida finalizou a noite de espetáculo com a frase de Liédson:

"Tomei um soco, mas dou o troco jogando futebol e fiz minha parte, marcando dois gols."


As luzes fizeram brilhar o cinturão da liderança que é dado ao Corinthians.

Resta saber como o Flamengo irá reagir depois de um aproveitamento de pífios 3 pontos dos últimos 21 disputados. Luxemburgo terá dores de cabeça, noites mal-dormidas e muito o que explicar, não para os outros, mas para si mesmo: "O que é que está errado?".



Fim de luta, mas não o fim do campeonato, diga-se de passagem, mais emocionante: IMPOSSÍVEL !

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