Entrevistamos
um grande ícone do futebol brasileiro, o lateral direito Ruy, mais conhecido
como Ruy Cabeção. Teve passagens por Cruzeiro, Grêmio, Botafogo, Fluminense,
entre outros grandes clubes, hoje Ruy defende o Ipatinga e afirma que não pensa
em aposentadoria, além disso, Ruy contou tudo sobre sua carreira, sua passagem
pelos grandes clubes, o motivo do apelido e afirmou que pretende encerrar a
carreira no futebol americano.
Confira
abaixo a entrevista completa com o Cabeção!
Primeiramente,
é um prazer entrevistar um profissional como você, com currículo invejável
nacionalmente, e de caráter sensacional.
2toques:
Então, a pergunta que não quer calar, e sempre a mais esperada é: Quando e por
quem surgiu o apelido de “cabeção”? Eu ia perguntar o porquê, mas acho que não
precisamos, não é?
Ruy: Começou numa partida pelo Cruzeiro, jogo contra o
Atletico-PR. Na ocasião expulsei 3 jogadores da equipe adversária por entradas
desleais. A torcida Cruzeirense empolgada como eu, no jogo começou a gritar das
arquibancadas Cabecão,cabecão,cabecão. Mas foi no Rio de Janeiro com a torcida
do Botafogo que o apelido ficou reconhecido nacionalmente.
2toques:
Acredita que o apelido fez você ficar mais conhecido no futebol? Afinal, é um
apelido que não é muito visto no futebol...
Ruy: Com certeza virou um marketing pessoal fortíssimo,
fora de campo onde eu estou é muito difícil me chamarem pelo meu nome.
2toques: E
como você encara com isso tudo? Do apelido, as brincadeiras... Tudo com a
melhor naturalidade possível? Ou já houve algum momento em que se estressou?
Ruy: Nunca tive problema com nada disso, como sempre fui muito
brincalhão e tiro sarro de todo mundo, levei sempre com bom humor. No início
minha mãe e esposa que não gostavam muito.
2toques:
Agora levando a entrevista mais para o lado da sua carreira profissional. O
América-MG foi o clube que o revelou para o futebol, e você atuava como meia,
como era aquele grupo que consagrou-se campeão mineiro em 2001?
Ruy: O grupo era muito jovem, mas de jogadores de muita qualidade
e que jogavam juntos desde as categorias de base. Comecei minha carreira mesmo
como lateral-direito, no Atlético-MG, coisa que poucos sabem na época no Galo
meus companheiros eram Dede, Lincoln etc. Como fui reprovado na escola, meu Pai
me tirou do futebol. Os anos passaram e fiquei jogando futsal,quando o pessoal
do América me convidou novamente,voltando já como meia.
2toques: E
quando foi que se tornou de vez, lateral? Quem foi o técnico que propôs a
mudança pra você? Acha que a adaptação foi das melhores?
Ruy: Quem me fez virar lateral foi Wanderley Luxemburgo,
na época existia uma falta grande de lateral direito, como tinha todas as
qualidades físicas e técnicas, colocou na minha cabeça que poderia ser um dos
melhores na posição no Brasil. Graças a Deus deu certo e atuei por grandes
times.
2toques: O
que ficou da sua passagem pela Botafogo? Acredita que poderia ter sido mais
valorizado?
Ruy: Fui muito valorizado por lá, tendo meus momentos de
ídolo e sendo ovacionado na final do Campeonato Carioca de 2006, em um Maracanã
com 90 mil torcedores. Qual atleta não gostaria disso? Infelizmente fui traído
por pessoas que considerava e por um treinador pouco confiável no meio do
futebol.
2toques: Sua
passagem pelo Grêmio começou de maneira promissória, dois jogos, dois gols,
elogios... Mas, no fim deixou o clube após recisão, o que faltou para vingar?
Ruy: Comecei muito bem, entrando pra seleção do Campeonato Gaúcho,
mas infelizmente mais uma vez me desentendi com o Paulo Autuori. Eu iria ficar
treinando separado, até que o Doutor Celso Barros me convenceu a ir ajuda-lo no
Rio, onde participei daquela arrancada maravilhosa do Fluzão no Brasileirão e
Sulamericana.
2toques: Em
2009, fechou com o Fluminense e participou daquela arrancada sensacional, há
palavras para descrever tamanha arrancada?
Ruy: Não tem como, só quem estava lá mesmo. Não existe fórmula e
muito menos será repetido. São coisas do futebol, existiu uma sintonia entre
jogadores e torcida, foi um dos maiores momentos da minha carreira.
2toques: No
mesmo ano, o tricolor chegou a final da Sulamericana e foi vice, o que faltou
para a equipe se consagrar campeã? Você jogou essa partida e colocou bola até
na trave, saíram todos de cabeça erguida e pensando na decisão no
Couto-Pereira ou foi sofrível demais para todos?
Ruy: Realmente, não fomos Campeões porque fizemos um jogo
ruim em Quito, a altitude foi cruel com nosso time. No Maracanã tivemos que
correr atrás, mas faltou um gol pra irmos pros pênaltis. Aquela bolinha na
trave foi caprichosa, saímos de campo orgulhosos e fortalecidos pra Guerra do
Couto.
2toques: A
torcida tricolor não esquece um jogo, Goiás x Flu – Serra Dourada. Últimos
minutos de jogo, o Flu conseguiu empatar um jogo dificílimo após estar perdendo
por dois gols de diferença, era o último minuto, falta que você ia jogar para a
área, só que... o mesmo rolou para trás e o juiz determinou o fim de jogo. O
que passou pela sua cabeça nesse lance?
Ruy: Poucos falam que naquele jogo conseguimos o empate e o Rafael
goleiro salvou nosso time. Na falta não sabia que era o último lance, pois
ninguém do banco me falou nada, pensei em ficar com a posse de bola, pois como
perdíamos de 2 x0 e empatamos,1 ponto era excelente pra nós,e no final acabou
fazendo a diferença.
2toques:
Após o empate no Couto-Pereira, conte para nós como foi aquele pesadelo no
Estádio? A revolta dos torcedores adversários e o medo de toda a comissão
tricolor...
Ruy: Foi maravilhoso, comemoravam como um título, saímos
todos no meio da galera e foi bacana o carinho e reconhecimento da torcida. Na
confusão do estádio procuramos ficar juntos e nos proteger, felizmente não
tivemos nada muito sério com ninguém da delegação.
2toques:
Agora, virando a página, o que falar da recepção tricolor no aeroporto como se
fosse título? É uma torcida diferencial? Mesmo você tendo mais identificação
com o Botafogo...
Ruy: Era um momento delicado para o clube, onde a
torcida do Fluminense foi importantíssima para o time. Soube jogar junto e nos
empurrar a todo o momento.
2toques:
Depois disso você passou por Boavista e Brasiliense, para agora voltar a Minas,
sua terra natal. Será que esse retorno se deve a uma possível aposentadoria? Ou
a ida para o Ipatinga foi consequência de um bom projeto do clube?
Ruy: Voltei pra Minas, para ficar mais perto da família e também
ajudar ao Presidente Itaim Machado em alguns projetos. Não penso em parar de
jogar tão cedo.
2toques:
Notamos que você não conseguiu jogar na Europa por um bom tempo, teve apenas
uma negociação fracassada para ir jogar nos Estados Unidos e uma rápida
passagem pela Hungria, ainda é de seu interesse jogar no continente europeu?
Ruy: Joguei sim na Hungria por quatro meses, mas
infelizmente não recebi e voltei ao Brasil. Até hoje continuo “namorando” com o
futebol dos EUA, este ano quase fechamos. Creio que um dia vou jogar e encerrar
minha carreira por lá.
Ruy
mandando um abraço para o amigo Sorín
2toques: Pra
fechar, aquelas perguntas bem rápidas para descontrair um pouco:
Um gol: Contra o Ceará Copa do Brasil, 2011.
Um título: Bi Campeão sul minas 2002.
Um técnico: Celso Roth, Mário Sérgio e Levir Culpi.
Um companheiro de time marcante: Sorín.
Um sonho: Ter muita saúde.
O
gol escolhido por Ruy. “O mais marcante”
2toques: Por
fim, gostaríamos de agradecer a sua disponibilidade, e dizer mais uma vez que é
uma honra lhe entrevistar. Deixamos aqui abaixo um espaço aberto para uma
mensagem a todos os seus fãs e aos leitores do site 2toques. Obrigado, cabeção!
Ruy: Gostaria de agradecer a todos da
equipe 2toques, por me dar esse espaço para contar um pouco mais de mim e manda
um beijo a todos os meus fãs. Um eterno abraço do Ruy Cabeção!
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