quinta-feira, 6 de outubro de 2011

80 ANOS DE PARTIDA DO PAI DE UM SONHO

Milhões de apaixonados torcedores vibram, sofrem, comemoram e gritam por uma única paixão: o Fluminense Football Club. Tendo seu consagrado lugar de destaque e ostentando sua inquebrantável tradição de glórias entre os grandes clubes do cenário brasileiro, o Tricolor das Laranjeiras, hoje aos seus 109 anos, é uma doce e magnífica realidade - que parece existir desde sempre. Diria Nelson Rodrigues, dotado da vocação para a eternidade. Porém, dentro das frias linhas da História, o Pó-de-Arroz teve um começo. E sua gênese, para alegria de todos nós que nos irmanamos em torno do querido pavilhão, tem por destaque um nome, o do mais importante sócio-fundador e primeiro presidente do clube: Oscar Alfredo Cox.

Hoje, 6 de outubro de 2011, completam-se 80 anos da morte deste homem que é responsável fundamental pela gestação de nosso amado clube, e o Fluminense deverá homenageá-lo, colocando seu nome nos uniformes dos jogadores que irão disputar o emocionante, aguardado e decisivo Fla x Flu deste domingo, às 16h. Homenagem justíssima ao idealizador de nosso imortal patrimônio, do grande detentor da Taça Olímpica, Prêmio Nobel do esporte mundial - que, é provável, sequer supunha o destino de sua brilhante criação.

Filho de um inglês e uma carioca, Oscar Cox nasceu em Humaitá, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1880. Seu pai George Emmanuel Cox fundou um clube chamado Rio Cricket e Associação Atlética, clube da colônia inglesa de Niterói, o qual também presidiu.

Vindo de Lausanne, na Suíça, onde havia estudado, o jovem Oscar desenvolveu sua ideia de formar um time de futebol. Era 1897; no Rio de Janeiro, o futebol era praticamente desconhecido, vigorando o remo. Charles Miller já o havia introduzido em São Paulo, mas timidamente, de modo que sua iniciativa de trazer o futebol de seu país de origem para aquele onde se consagraria permaneceu ignorada por quase todos os demais centros da nação.

Coube a Cox, portanto, fazer o mesmo em terras fluminenses. Em 21 de julho de 1902, na antológica reunião presidida por Manoel Rios e secretariada por Américo Couto e pelo próprio augusto jovem de origem britânica, era fundado o Tricolor.

Não bastasse tal nobre feito, Oscar Cox ainda foi jogador do Fluminense, atuando em cinco partidas dos títulos estaduais de 1906 e 1908, e participando ainda de alguns jogos amistosos. Presidiu a agremiação por ele fundada de 1902 até 31 de dezembro de 1904. Em 1910, partiu em definitivo para Londres, vindo a morrer na França, há exatas oito décadas, portanto, dia 6 de outubro de 1931. A família ainda teve Edwin Cox, seu irmão, entre os grandes nomes do futebol, como exímio atleta que era, se destacando no berço dos esquadrões tricolores.

Atendendo a solicitações do próprio, seu corpo foi trazido para o Rio de Janeiro, estando sepultado em Botafogo, no cemitério de São João Baptista.

Nas famosas comemorações do cinquentenário do Fluminense em 1952 - que serviram mesmo de motivo para que a Copa Rio Intercontinental, competição internacional mais importante da época, fosse antecipada para esse ano, quando o Flu a conquistou - foi inaugurada uma placa de bronze no mausoléu de Oscar Cox com a inscrição emblemática e, em relação a ele, de nosso nada imparcial ponto de vista, o mais adequada e justa possível: 'VIVER E NÃO DEIXAR UMA INSTITUIÇÃO ATRÁS DE SI NÃO VALE A PENA. OSCAR COX DIRIGIU A FUNDAÇÃO E FOI O PRIMEIRO PRESIDENTE DO FLUMINENSE FOOTBALL CLUB, QUE, NO SEU CINQUENTENÁRIO, AQUI GRAVA SUA GRATIDÃO E SAUDADE.'

Hoje, quando já ultrapassamos o centenário da grandiosa entidade fundada por ele, o nome de Oscar Cox deve refulgir para as novas gerações de tricolores, conservado nos herdeiros de seu legado sob a forma da gratidão por nos ter brindado com essa parte especial de nossa rotina, que a adocica e a envolve de adrenalina e emoção. Tendo tido mais contato ainda com aquilo de que o Fluminense é capaz, temos mais motivos que nossos antecessores para honrar a memória daquela mente que criou uma lenda, que por sua vez a transcendeu, e transcenderá a todos nós, segundo o profeta Nelson, por séculos. Cox desejou ser sepultado sob o solo onde deu origem á sua realização mais inesquecível. Sobre este mesmo solo, o futebol, trazido por Charles Miller, mas que tem no Fluminense de Oscar Cox seu mais emblemático decano e popularizador, se tornou o esporte mais expressivo, a ponto de o Brasil ser o país do futebol e pentacampeão mundial. Que esta contribuição ímpar jamais seja esquecida, nos corações dos brasileiros e, especialmente, da nação verde, branca e grená.

Obrigado, Oscar Cox!

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